segunda-feira, março 22, 2010

Intertextualidade - Referencial Teórico

Entre os variados tipos de referências, há provérbios, ditos populares, frases bíblicas ou obras/trechos de obras constantemente citados, literalmente ou modificados, cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos interlocutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira adotou o slogan: "Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és." Voltada fundamentalmente para um público de uma determinada classe sociocultural, o produtor do mencionado anúncio espera que os leitores reconheçam a frase da Bíblia ("Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és"). Ao adaptar a sentença, a intenção da propaganda é, evidentemente, angariar a confiança do leitor, pois a Bíblia costuma ser tomada como um livro de pensamentos e ensinamentos considerados como "verdades" universalmente assentadas e aceitas por diversas comunidades. Outro tipo comum de intertextualidade é a introdução em textos de provérbios ou ditos populares, que também inspiram confiança, pois costumam contar mensagens reconhecidas como verdadeiras. São aproveitados não só em propagandas mas ainda em variados textos orais ou escritos - literários e não-literários. Por exemplo, ao iniciar o poema "Tecendo a manhã", João Cabral de Melo Neto defende uma ideia: "Um galo sozinho não tece uma manhã". Não é necessário muito esforço para reconhecer que por detrás dessas palavras está o ditado "Uma andorinha só não faz verão". O verso inicial funciona, pois, como uma espécie de "tese", que o texto irá tentar comprovar através de argumentação poética.

Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou construídas) e de alusões muito sutis que só são compartilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos (Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em obras literárias - prosa ou poesia - que às vezes remetem a uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico, percebido apenas por um leitor/interlocutor muito bem informado e/ou altamente letrado.

A remissão a textos e paratextos do circuito cultural (mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produtos, etc.), é especialmente recorrente em autores chamados pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre outros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa carioca, que usa e "abusa" da intertextualidade em seus textos, a tal ponto que, sem a identificação das referências, o poema se torna constantemente, ininteligível e chega a ser considerado por algumas pessoas como um "amontoado aleatório de enunciados", sem coerência e, portanto, desprovido de sentido.

Os livros que tratam de coesão e coerência textuais costumam contextuar intertextualidade e exemplificar contextos ou trechos de textos. A "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias, exaustivamente parodiada por diversos autores, é invariavelmente citada como exemplo de intertextualidade.

Os teóricos costumam identificar tipos de intertextualidade (cf. Koch & Travaglia. Texto e coerência. São Paulo, Cortez, 1989, p. 88-89), entre os quais se destacam:

  1. a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jornalísticas que se reportam a notícias veiculadas anteriormente na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou não-literários que se referem a temas ou assuntos contidos em outros textos, etc.). Podem ser explícitas (citações entre aspas, com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (paráfrases, paródias, etc.);
  2. a que se associa ao caráter formal, que pode ou não estar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que "imitam" a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório, etc. Ou que procuram imitar o estilo de um autor (cf. texto "Grande ser, tão veredas", de Paulo Leminski, publicado em A Folha de São Paulo, e reproduzido em Koch & Travaglia: 1989, p.89-90), em que o autor comenta o seriado da TV Globo, baseado no livro de Guimarães Rosa, procurando manter a linguagem e o estilo do escritor;
  3. a que remete a tipos textuais (ou "fatores tipológicos"), ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas e superestruturas ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias ligadas a estilos de época. Por superestrutura entendem-se, entre outras, estruturas argumentativas - premissas - argumentos (contra-argumentos) - (síntese) - conclusão (nova tese); estruturas narrativas (situação - complicação - ação ou avaliação - resolução (moral ou estado final) etc.; (cf. Fávero, L. Coesão e coerência textuais. São Paulo, Ática, 1991. Vocabulário crítico, p.92 e Koch & Travaglia, 1989 p.92-93);

Como afirmam Koch & Travaglia, "todas as questões ligadas à intertextualidade influenciam tanto o processo de produção como o de compreensão de textos e apresentam consequências no trabalho pedagógico com o texto [...]"(1989, p.95).

Considerada por alguns autores como uma das condições para existência de um texto, a intertextualidade se destaca por relacionar "um texto concreto com a memória textual coletiva, a memória de um grupo ou de um indivíduo específico" (Mira Mateus et alii, 1983).

A noção de intertextualidade, da presença contínua de outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a respeito da individualidade e da coletividade em termos de criação. Neste sentido, Fiorin e Savioli (1996) afirmam:

"Todo texto é produto de criação coletiva: a voz do seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou desacordo."

Vimos anteriormente que citação de outros textos se faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que objetivo?

Um texto remete a outro para defender as ideias nele contidas ou para contextar tais ideias. Assim, para se definir diante de determinado assunto, o autor do texto leva em consideração as ideias de outros "autores" e com eles dialoga no seu texto.

Ainda ressaltando a importância da intertextualidade, remetemos às considerações de Vigner (1988, p.31-37): "Afirma-se aqui a importância do fenômeno da intertextualidade como fator essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de todos os outros textos. O texto não é mais considerado só nas suas relações com um referente extra-textual, mas primeiro na relação estabelecida com outros textos".


24 comentários:

Anônimo disse...

Será que o Vinícius também praticava intertextualidade?

Anônimo disse...

O Blog é intertextual?

Anônimo disse...

O Vinícius também praticou intertextualidade?

Allana Gabriela Gongoleski disse...

Olá professora, como acadêmica do curso de letras (Unioeste), acredito que os estudos acerca das possibilidades de se ensinar a intertextualidade na escola são de grande importância, tanto entre músicas e obras literárias quanto entre os diversos tipos de texto, já que a intertextualidade é um dos fatores que constituem o texto. Acredito também que o blog pode ser uma ferramenta útil para esse aprendizado, já que faz parte do universo do aluno e traz para a sala de aula os conhecimentos ja existentes nesses leitores em formação.
Para tornar-se um leitor proficiente, o aluno deve saber reconhecer e saber lidar com a intertextualidade presente nos textos, isso irá revelar sua experiência de leitura. É papel do professor, por tanto, oferecer uma diversisdade cada vez maior de textos aos seus alunos e respeitar seus conhecimentos preexistentes para então ampliá-los.

Parabés pelo seu trabalho!

Allana Gabriela Gongoleski: Acadêmica do Curso de Letras Unioeste

Jana B. Scherer disse...

Certamente deve-se ensinar o gênero Blog nas escolas, afinal, é parte integrante do cotidiano da maioria dos alunos, pensando também em estender esta oportunidade de conhecimento àqueles que não têm acesso a internet, para que possam familiarizar-se com um dentre tantos recursos de comunicação virtual.
Também não tenho dúvidas de que o aluno precisa saber lidar com as possibilidades de intertextualidade para ser um leitor mais proficiente, já que é requisito fundamental para o entendimento de textos que carregam em si referências a outros explícita ou implicitamente. Forma-se assim, o leitor crítico capaz de compreender aquilo que está escrito no corpo do texto e de preencher os espaços vazios, num processo de leitura em níveis de complexidade.

Jana B. Scherer - Acadêmica do curso de Letras/Espanhol (UNIOESTE)

SOLAIDE POMMER disse...

Olá professora Jolita.
Temos presente que o processo ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa deve basear-se em propostas interativas a fim de promover o desenvolvimento do indivíduo numa dimensão integral. E a sua proposta de trabalho no Blog é nessa perspectiva, proporcionar aos alunos interação com os textos. Silva afirma que a intertextualidade é “um fenômeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por diferentes linguagens” (2002), pois todo texto é resultado de outros textos e o papel do professor é levar o aluno a perceber isso.
Logicamente, falando de intextextualidade, não pensamos somente em linguagem verbal, mas também no registro sonoro e visual, como o próprio Blog propõe, “Ler o que não está escrito”.
Podemos afirmar que a intertextualidade é também uma forma de persuasão, pois o aluno navegando em várias áreas do conhecimento pode “consumir produtos” que o leve a querer adquirir, de ora em diante, aquela “marca”, e isso é excelente, o aluno se lança além do estabelecido, busca o que realmente lhe interessa.
Parabéns pelo seu trabalho professora Jolita e obrigada a professora Feola por nos ter proporcionado o acesso a conteúdos enriquecedores. Que Deus abençoe seu trabalho para continuar abrindo horizontes para que o mundo do conhecimento das crianças sejam sempre mais aprimorados.
Estudante do Curso de Letras/Italiano
UNIOESTE

Unknown disse...

Bom dia professora!

Parabéns por sua iniciativa!

Como professores temos a responsabilidade de despertar o senso crítico em nossos alunos ajudando-os a ampliarem sua visão de mundo e de responsabilidade como cidadãos agentes da sociedade.
Tratar o processo de leitura como algo prazeroso e não obrigatório fará com que os alunos resgatem leituras e conhecimentos adquiridos para reconstruir os sentidos que os textos propoem.

Meu nome é Janey, sou acadêmica do 4º ano do curso de letras da Unioeste.

Vanessa Vendruscolo disse...

Olá Professora, parabéns pelo seu trabalho!

Acredito que o uso dos recursos tecnológicos na prática pedagógica é eficaz diante da sociedade em que vivemos hoje, tecnológicamente avançada. Venho fazendo um estudo sobre blogs, e também acredito que o seu uso no processo de ensino-aprendizagem de qualquer matéria contribui de forma positiva, pois eles, além de disseminarem conhecimento, proporcionam interação, o que é fundamental no ensino, são próximos da realidade dos alunos, fazem parte do seu contexto. Penso ser essencial o ensino estar de acordo com a realidade dos estudantes, com a realidade da sociedade do conhecimento atual.
A utilização dos blogs no ensino chama a atençao dos alunos para a aprendizagem, desenvolvem a autonomia em aprender, a criatividade, bem como, a criticidade dos mesmos. É um espaço aberto e amplo, o qual proporciona a aquisição e disseminação do saber; a intertextualidade; muito importante na formação de alunos inteligentes, pensantes e críticos; a interação; comunicação, troca de saberes e experiências, além de abarcar uma infinidade de assuntos e atualidades.
Além disso, o uso do blog no ensino pode contribuir na formação de alunos, cidadão críticos diante da sociedade em que vivem e, ainda, proporcionar aos mesmos outra forma de utilização dos blogs, diferente da que a maioria deles conhece, para diversão somente.

Além da minha opinião e breve experiência de observação de alguns blogs, minha fala baseia-se em autores como: Belloni (2009); Ferreira, Boeira e Bruzaca.

Parabéns mais uma vez pelo seu ótimo trabalho.

Vanessa Vendruscolo- Acadêmica do quarto ano de Letras (Português/Inglês)-UNIOESTE, Cascavel.

Paula Semiguem da Cunha disse...

Olá,
Sou uma futura professora e pretendo sim seguir essa concepção de trabalhar diversos gêneros em sala, incluso trabalhar com o blog, acredito que seria bastante interessante. Pois o blog é a linguagem em forma de interação, assim como trazem os documentos norteadores do ensino (Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Estaduais), faz parte das concepções da linguagem como meio de interação, e é isso que devemos trazer para nosso alunos, é algo que eles vivenciam, que conhecem, algo próximo do cotidiano deles. E é dessa forma que devemos trabalhar trazendo para sala de aula um assunto polêmico, de gosto dos alunos e com conteúdo interessante e rico. É isso...
Professora gostei de verdade do seu trabalho, a visitarei mais vezes.

Adorei seu trabalho... Parabéns!
Abraços

Paula Semiguem da Cunha
Acadêmica do 4º ano de Letras da UNIEOSTE)

Jolite disse...

Olá meninas do 4º ano de Letras;
Quero agradecer os seus ricos comentários a respeito do blog. Se houver alguma sugestão de exemplos ou atividades sobre intertextualidade, por favor fiquem à vontade para fazê-la. Fiquei feliz com a participação de vocês. Obrigada.

Bernardo disse...

Ola Jolite. Gostei de seu blog :)

Quando penso em ensino de imediato me vem a mente a ideia de que todo aluno é um ser pronto para receber conhecimento. No entanto, observamos que na contemporaneidade é deveras complicado o professor competir pela atenção e pelo interesse do aluno quando possui oponentes tão atrativos quanto a televisão, o video-game, o computador, e mesmo o liberalismo que se instaurou nas relações humanas... Diante desse "novo panorama" com que nos deparamos acredito que todo e qualquer esforço que busque aproximar a educação da realidade do jovem é muito louvável. Se as crianças e adolescentes não saem da frente do PC, então que busquemos com práticas diversas levar a educação para o mundo da informática. Considero a iniciativa do blog um passo muito interessante e que pode gerar bons frutos, ainda mais quando é usado para abordar um assunto tão interessante e amplo quanto a intertextualidade, que pode ser observada nas mais distintas esferas de manifestações linguísticas produzidas pelo homem, basta que se caracterize como uma espécie de texto, que produza um sentido, proporcionando as mais diversas relações com as mais distintas áreas do conhecimento humano.

Creio que quando nos posicionamos acerca de um assunto como a intertextualidade interessante é se perceber que existem "variações", que podem ser melhor exploradas (em meu entender) em textos literários. Creio que deve-se colocar de lado a ideia de que um texto somente pode ser comparado ao outro quando da observação da ocorrência de uma influência ou quando sob a perspectiva de fonte e produção secundária, passando-se assim a possibilitar ama leitura comparada de, por exemplo, dois textos ou autores que em momento algum travaram contatos diretos, isso graças a conceitos como os de intertextualidade, paratextualidade, hipertextualidade, metatextualidade e arquitextualidade, todos ligados diretamente à transtextualidade formulada por Genette (BERND, 1998, p. 24). Sendo que a transtextualidade, em uma produção literária, poderia ser definida como “tudo o que põe em relação manifesta ou secreta com outros textos” (BERND, 1998, p. 24).
Outras tantas autoras me vem a memória quando mencionamos a intertextualidade, uma delas é Sandra Nitrini que afirma que a intertextualidade "[...] introduz um novo modo de leitura que solapa a linearidade do texto. Cada referência textual é o lugar que oferece uma alternativa: seguir a leitura encarando-a como um fragmento qualquer que faz parte da sintagmática do texto ou, então, voltar ao texto de origem, operando uma espécie de anamnésia, isto é, uma invocação voluntária do passado, em que a referência intertextual aparece como elemento paradigmático “deslocado” e provindo de uma sintagmática esquecida. Estes dois processos operando simultaneamente semeiam o texto com bifurcações que ampliam o seu espaço semântico" (NITRINI, 2000, p. 164-165).

Já Julia Kristeva (apud. MENTON, 1993, p. 44) aponta no sentido de que “todo texto se arma como um mosaico de citações; todo texto é a absorção e transformação de outro texto”.

Diante do que mencionei até o momento, louvo a iniciativa do Blog como ferramenta para integração não somente de alunos, mas também de companheiros de trabalho que podem contribuir de diversas formas para a construção de uma discussão. Bem como considero muito pertinente a escolha da temática aqui abordada, que possibilita uma miriade de possibilidades de discussões e a observação de sua aplicação nas mais diversas áreas do conhecimento.

Parabéns pela iniciativa.

Abraços.

Bernardo A. Gasparotto

Caroline Breda disse...

Olá professora, parabéns pelo seu trabalho com o blog!

Em minha opinião o trabalho com a intertextualidade na escola é de grande valia para os estudantes. Não somente através de textos literários ou informativos, mas também o trabalho com músicas, filmes, propagandas, artes plásticas, redes sociais e blogs podem trazer algo que foge do cotidiano das aulas e acrescentam novas idéias acerca do mundo em que os jovens vivem, ajudando-os na construção do pensamento crítico e na leitura das “entre linhas” do texto.
A utilização de blogs no ensino também pode ser uma boa ferramenta para a maior participação dos alunos no ensino. A chamada geração “Y”, os jovens que estão hoje nas escolas, estão cada vez mais ligados a tecnologias e a internet e a vida dos jovens não podem mais serem analisadas de forma separadas. Acredito que a utilização dos blogs e de outros tipos de mídias podem ser grandes aliados do professor e da escola moderna.

Caroline Breda, acadêmica do quarto ano de Letras da UNIOESTE.

Patrick Thomazine disse...

Olá prof. Jolite!
já que o texto postado é sobre a intertextualidade e sabemos que todo texto precisa ser contextualizado e atualizado para ser bem entendido, gostaria de sugerir um texto que eu utilizei na minha regência de estágio supervisionado em língua portuguesa, o quel é a música Monte Castelo da banda Legião Urbana (a qual provavelmente você conheça) e que não é da época dos nossos jovens, mais que eles ainda curtem muito.
Sugiro a música pelo fato de conter intertextualidade explícita com, pelo menos, mais 2 textos de gêneros diferentes e de épocas diferentes: o poema de Camões (Classicista), Amor é fogo que arde sem se ver, datado do século XVI e o trecho da carta do Apóstolo Paulo à igreja de Corinto (ICo 13), ambos os textos se referindo ao Amor.
Além disso, a música contém uma referência não tão fácil de ser retomada que é o título remetendo a conquista do Monte Castelo na cordilheira apenina, no norte da Itália, uma atuação heróica dos soldados brasileiros.
Por fim, gostaria de sugerir este artigo: PUCRS – Guia de Produção Textual. Como realizar a Intertextualidade. Retirado de http://www.pucrs.br/gpt/intertextualidade.php, muito útil sobre o assunto.
forte abraço

Juliana Camana disse...

Olá professora, parabéns pela idéia e iniciativa de utilizar a mídia e, nesse caso, o Blog, para ensinar.

Minha pesquisa de TCC, que acabei de apresentar, se deu nesse sentido, de como utilizar a tecnologia e a mídia para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.
Acredito que nós, professores "imigrantes digitais" (PRENSKY, 2001)temos que nos adequar a essa nova realidade que se encontra nas escolas atualmente.
Nossos alunos, "nativos digitais" (PRENSKY, 2001), nasceram e cresceram rodeados por esse meio virtual, em que o conhecimento e as informações são repassadas com agilidade impresionante.
Quando esses alunos se encontram no ambiente escolar em que se ignora que a tecnologia pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, eles se sentem desinteressados.
A tecnologia e mídia têm sido utilizada nas escolas, porém como fonte de pesquisa somente. Entretanto, a internet proporciona muito mais do que pesquisa, proporciona interação entre indivíduos, entre o conhecimento veiculado e o conhecimento dos indíviduos.

Por isso, acredito que este meio, blog, é uma ótima ideia para chamar a atenção de nossos alunos e promover uma participação mais ativa deles no processo de ensino-aprendizagem.

Juliana Camana - Acadêmica do 4º ano de Letras (UNIOESTE).

Raquel C. Lübe Barella disse...

Olá, professora Jolite!

Parabéns pelo seu trabalho, o blog está deveras interessante e instigador.

Acerca do ensino por meio da tecnologia, especialmente por meio dos blogs, creio que, além de suscitar um maior interesse por parte dos discentes, que vivem em meio a esses recursos e são por eles bastante atraídos, seu uso permite a interação. Essa última não raro não se dá tão eficazmente na realidade, porquanto muitos alunos se sentem mais à vontade em expor-se no plano virtual.
No que tange a intertextualidade, julgo fundamental para o desenvolvimento da criticidade, para a percepção da polissemia que se incrusta nos textos, de forma que se pode buscar por meio dessa fazer com que a leitura ultrapasse a decodificação e que, gradualmente, se desenvolva a habilidade de enxergar aquilo que as produções escritas e também os discursos orais trazem nas entrelinhas.

Abraços,
Raquel C. Lübe Barella
Acadêmica do curso de Letras - UNIOESTE, campus de Cascavel

Jolite disse...

Olá pessoal,
Realmente estou felicíssima com todos os comentários e contribuições aqui postados. Isso vem concretizar a certeza de estar no caminho certo, e acreditem, é muito bom saber que vocês viram nesse blog, uma ferramenta valiosa para "surpreender" o nosso aluno. Foi o que aconteceu quando da minha implementação desse projeto numa 1ª série do ens. médio.
Abraços.

O mais profundo do eu disse...

Lendo seu post sobre intertextualidade, principalmente na parte em que você se referiu à memória coletiva, lembrei-me da citação do químico e filósofo francês Lavoisier que disse “na natureza nada se cria tudo se transforma” a citação, embora criada para determinar que a matéria não desaparece mas se transforma, ficou famosa e ganhou nova roupagem no meio da comunicação e propaganda com a quase proverbial “nada se cria tudo se copia”. Particularmente prefiro a citação de Lavoisier, pois nos apoderamos e transformamos conhecimentos, termos, idéias, para dar a conotação que necessitamos ou que simplesmente desejamos. A esse exercício neuronal chamamos intertextualidade.
Se para um produto atingir determinado público preciso de uma remodelagem, trabalharei na idéia até obter o resultado desejado. Para construir um sentido irônico preciso queimar alguma energia transformando o sério no duvidoso ou o sensato no cômico. Isto é outra leitura, outra idéia, nasceu a partir de algo que existe e passam a existir de formas diferentes.
Muito comum no meio acadêmico ouvirmos que tudo é cópia, pois não somos nem filósofos nem cientistas para criar o primeiro pensamento ou o primeiro elemento, esquecemos, porém, que mesmo os filósofos e cientistas trabalham a partir do que já existe, não criam nada, apenas remodelam de forma aceitável pelo grupo ao qual, invariavelmente pertencem.
Concluindo, somos essencialmente intertextualizados ainda intrauterinamente.

Parabéns pelo blog, creio que temos muito a ganhar utilizando a tecnologia como instrumento de ensino/aprendizagem.

Regina Chaves

Mônica Ransolin da Rosa disse...

Quando eu era pequena e não gostava de comer salada, meu pai me dizia: "Moni, crie artifícios, aprenda a gostar." Como artifício, ele começou a colocar açúcar na alface e então eu comia tudo, sem reclamar! hehe Aos poucos, o artifício foi desaparecendo e hoje como salada com prazer. Não tenho dúvidas de que seu blog é o "açúcar na salada"! Ler não é algo que faz nossos jovens salivarem, mas essa prática pode ficar muito mais saborosa se eles conseguirem identificar nos textos outras vozes, cantadas por outros autores; é a tal da intertextualidade. Além de enriquecer o texto, a possibilidade de costurar, durante o processo de leitura, o texto lido com outros textos, elucida o aluno que ele sabe muito mais do que imagina e suscita sua curiosidade para pesquisas adicionais.
Gostei muito da iniciativa, parabéns!

Mônica R. Rosa - Acadêmica Letras UNIOESTE

Berenice Glória de Almeida Dantas disse...

Olá, profa Jolite!
Também achei muito interessante sua iniciativa. Seu blog é um exemplo de que o professor deve acreditar no que faz, e, portanto, buscar alternativas que despertem no aluno o interesse por compreender o que ocorre ao seu redor.
O blog é, sem dúvida, um desses meios, pois faz parte da realidade de muitos alunos. E mais interessante ainda, é tratar de um assunto que eles levarão para o resto da vida: a relação que os textos fazem com outros textos, e como isso acontece e qual o meu papel de leitor.
Parabéns!


Berenice G. de Almeida Dantas.
4o ano de Letras - UNIOESTE, campus Cascavel.

Keyla Vieira Tereziano (4º ano Letras) disse...

Puxa, percebo que demorei e perdi tempo não vindo aqui antes! Mas ainda assim, venho aqui para dizer que vendo essa proposta, de uma professora que está na sala de aula há tanto tempo, meu coração se mantém cheio de esperanças de que podemos sim sermos persistentes para encontrar um caminho que leve nossos alunos a serem leitores do mundo. A leitura é a força motriz para que eu, enquanto ser humano, perceba o que acontece ao meu redor, e quando se trata do uso da intertextualidade, fica acessível para o aluno compreender e construir os seus significados e conceitos.
Deixo aqui meus parabéns pelo trabalho, que é a semente fértil sendo lançada no solo que é a cabecinha imatura dos nossos jovens. Que essa semente germine e transforme cada um deles.

Abraço
Keyla Vieira Tereziano (discente 4º ano Letras- Unioeste)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Atribuir o provérbio "Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és" à Bíblia restringe bastante a credibilidade desse texto.

Anônimo disse...

Atribuir o provérbio "Dize-me com quem anda e dir-te-ei quem és" à Bíblia restringe bastante a credibilidade desse texto.

ISABEL GUIMARAES disse...

Realmente o trabalho com a INTERTEXTUALIDADE se fez presente no meu trabalho recentemente na minha turma do 4º ano e confesso que fiquei super satisfeita com os resultados alcançados! Os diversos tipos de textos apresentados aos alunos foi primordial para o entendimento do que seja essa relação entre os textos de uma forma muito prazerosa. Numa sequência didática trabalhada na turma sobre o Poema de Gonçalves Dias: Canção do Exílio e a versão crítica de Murilo Mendes e ainda a versão de Jó Soares pude aperfeiçoar o meu trabalho e dando ao aluno a oportunidade de pensar sobre o texto e não apenas ler e ponto final. pretendo continuar nessa linha de aprendizagem tão importante e tão prazerosa!

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