segunda-feira, março 22, 2010

O leitor nunca está sozinho diante do texto

Olá amigos:

O título deste post é do autor Vilson J. Leffa [1999]. Sendo assim, convido você para um "mergulho" na memória do tempo. Nessa viagem tem Rap na parada. Eu adoro Rap e você? Tem também Bossa Nova, já ouviu falar?

Pois é amigos, juntos vamos "fundo" no rap Bossa 9 (Gabriel O Pensador). Conhecem a letra? Se não conhecem, não tem problema, conhecerão agora e tenho certeza, vão gostar muito!


Bossa 9
(Gabriel O Pensador)




Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
é ela menina que vem e que passa
num doce balanço a caminho do mar (x1)

Bença, Vinícius e Tom, Dá licença
Desculpe incomodar o vosso bom e merecido sossego
Aí em cima deve ser maravilha,
Sem medo, sem guerrilha sem miséria e desemprego
Dá um abraço no Ray Charlles por mim, outro pro Tim
Mas hoje eu só vim pra fazer um desabafo
Porque a coisa tá ficando ruim
Não é só nem é só em Ipanema nem é só aqui no Rio que tá assim
Mas às vezes dá vontade de pegar o Antonio Carlos Jobim
Por onde vem cada vez menos turista
E por onde sai cada vez mais morador assustado
Infelizmente dá vergonha de viver nesse Estado
Oh, Cristo Redentor, braços abertos
Não deixe o som do tiroteio sufocar nossos versos
Se eu declamo e se eu reclamo é por que eu amo isso aqui
Se a gente chora é porque sabe que merece sorrir

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela menina, que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar (x2)

A praia tá bonita, as garotas mais ainda
Coisa mais linda, mais cheia de graça
Aqui no Posto Nove, não há quem reprove
Eu fico louco, só um pouco, mais um pouco
Dessa água de coco
Vale a pena vim aqui pra ver, meu skate, walkman
Eu fico zem, ouvindo esse CD
É só descer a Vinícius de Moraes
Com a lagoa ali atrás e na frente o mar aberto, pode crer
É deslumbrante, a vista, mas é bom ficar esperto
Que os ladrões vem pedalando e dão o bote certo
É bicicleta, poeta, a polícia não acompanha
Quem dá mole vira boi de piranha
Olha que coisa mais feia, arrastão na areia
Quanto ladrão e o turista sem ação perdeu até o calção
Dava até um bom samba, bossa nova, vem que tem
Deixa comigo Poetinha, eu sou poeta também
Tudo que eu falo vem do coração,
Não sou um Vinícius, mais também tenho esse vício
Você me perdoa, sabe como é... inspiração,
a gente vai rimando à toa, coisa ruim com coisa boa

Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
É ela, menina, que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar (x2)

Deixa comigo, Maestro que eu faço meu som
Não sou um Jobim mais também rimo no tom
Chamei o meu filho assim, e foi em sua homenagem
E foi com ele que eu vim a fim de curtir a paisagem
a gente tá de passagem mas não tá de bobeira
É um mistério profundo, é o queira ou não queira
Eu já rodei meio mundo feito um pião vagabundo
Mas sempre volto pra casa pra me curar da tonteira
Uou, o Haiti não é aqui,
Mas é Vigário Geral logo ali
E a geral querendo subir a Rocinha, pra controlar o morrão
E a garotada na lage soltando pipa e rojão
Uou Uou, olha a galera zuando na condução
Voltando da praia lá pra Baixada
Amanhã tem trabalho, se não tiver chacina
De inocente e de criança, hoje de madrugada
Uou Uou, olha a menina passando no calçadão,
Vendendo seu corpo mas não a alma
Por causa do amor e da beleza que existe
O sol se pôs em Ipanema e ela também bateu palma

Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
É ela, menina, que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar (x3)
Fonte: saiba mais!
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Ouvimos e cantamos o rap Bossa 9 de Gabriel O Pensador. Este rap me lembra outra música. Você saberia dizer qual é?...... Isso mesmo!!! É a música Garota de Ipanema de Vinícius de Moraes.


Garota de Ipanema
(Vinícius de Moraes)



Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Ah! porque estou tão sozinho?
Ah! porque tudo é tão triste?
Ah! a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Ah! se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor (3x)
Fonte: saiba mais!
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Vamos entender um pouco essas letras do rap Bossa 9 e Garota de Ipanema. Não podemos deixar de também saber quem é Gabriel, O Pensador e quem foi Vinícius de Moraes; o que representam para a música, seus objetivos (intenções), suas épocas diferentes e também o que têm essas duas letras em comum. Acredito que você percebeu alguma semelhança.

Começo dizendo que essa semelhança, entre essas duas músicas de gêneros e épocas diferentes tem um nome: chama-se Intertextualidade.


Intertextualidade

A intertextualidade é uma forma de diálogo entre textos, que pode se dar de forma implícita ou explícita e em diversos gêneros textuais.

Muitas vezes, o autor parte de uma frase ou de um verso que ocorreu a ele (cf. texto "A última crônica", em que o autor confessa estar sem assunto e tem de escrever. Afirma então: "Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: assim eu quereria meu último poema".) Descreve então uma cena passada em um botequim, em que um casal comemora modestamente o aniversário da filha, com um pedaço de bolo, uma coca-cola e três velinhas brancas. O pai parecia satisfeito com o sucesso da celebração, até que fica perturbado por ter sido observado, mas acaba por sustentar a satisfação e se abre num sorriso. O autor termina a crônica, parafraseando o verso de Manuel Bandeira: "Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como este sorriso". O verso de Bandeira não pode ser considerado, nessa crônica, um mero pretexto. A intertextualidade desempenha o papel de conferir uma certa "literariedade" à crônica, além de explicar o título e servir de "fecho de ouro" para um texto que se inicia sem um conteúdo previamente escolhido. Não é, contudo, imprescindível à compreensão do texto.

O que me parece importante é que não se encare a intertextualidade apenas como a "identificação" da fonte e, sim, que se procure estudá-la como um enriquecimento da leitura e da produção de textos e, sobretudo, que se tente mostrar a função da sua presença na construção e no sentido do texto.

Trata-se da possibilidade de os textos serem criados a partir de outros textos. As obras de caráter científico remetem explicitamente a autores reconhecidos, garantindo, assim, a veracidade das afirmações. Nossas conversas são entrelaçadas de alusões a inúmeras considerações armazenadas em nossas mentes. O jornal está repleto de referências já supostamente conhecidas pelo leitor. A leitura de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes de forma implícita.

A nossa compreensão de textos muito dependerá de nossa experiência de vida, das nossas vivências, das nossas leituras. Determinadas obras só se revelam através do conhecimento de outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso conhecimento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos com certas obras.

Viram só! A Intertextualidade é uma constante em nossa vida. Nesse Blog é o que trataremos o tempo todo.

Intertextualidade - Referencial Teórico

Entre os variados tipos de referências, há provérbios, ditos populares, frases bíblicas ou obras/trechos de obras constantemente citados, literalmente ou modificados, cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos interlocutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira adotou o slogan: "Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és." Voltada fundamentalmente para um público de uma determinada classe sociocultural, o produtor do mencionado anúncio espera que os leitores reconheçam a frase da Bíblia ("Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és"). Ao adaptar a sentença, a intenção da propaganda é, evidentemente, angariar a confiança do leitor, pois a Bíblia costuma ser tomada como um livro de pensamentos e ensinamentos considerados como "verdades" universalmente assentadas e aceitas por diversas comunidades. Outro tipo comum de intertextualidade é a introdução em textos de provérbios ou ditos populares, que também inspiram confiança, pois costumam contar mensagens reconhecidas como verdadeiras. São aproveitados não só em propagandas mas ainda em variados textos orais ou escritos - literários e não-literários. Por exemplo, ao iniciar o poema "Tecendo a manhã", João Cabral de Melo Neto defende uma ideia: "Um galo sozinho não tece uma manhã". Não é necessário muito esforço para reconhecer que por detrás dessas palavras está o ditado "Uma andorinha só não faz verão". O verso inicial funciona, pois, como uma espécie de "tese", que o texto irá tentar comprovar através de argumentação poética.

Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou construídas) e de alusões muito sutis que só são compartilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos (Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em obras literárias - prosa ou poesia - que às vezes remetem a uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico, percebido apenas por um leitor/interlocutor muito bem informado e/ou altamente letrado.

A remissão a textos e paratextos do circuito cultural (mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produtos, etc.), é especialmente recorrente em autores chamados pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre outros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa carioca, que usa e "abusa" da intertextualidade em seus textos, a tal ponto que, sem a identificação das referências, o poema se torna constantemente, ininteligível e chega a ser considerado por algumas pessoas como um "amontoado aleatório de enunciados", sem coerência e, portanto, desprovido de sentido.

Os livros que tratam de coesão e coerência textuais costumam contextuar intertextualidade e exemplificar contextos ou trechos de textos. A "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias, exaustivamente parodiada por diversos autores, é invariavelmente citada como exemplo de intertextualidade.

Os teóricos costumam identificar tipos de intertextualidade (cf. Koch & Travaglia. Texto e coerência. São Paulo, Cortez, 1989, p. 88-89), entre os quais se destacam:

  1. a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jornalísticas que se reportam a notícias veiculadas anteriormente na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou não-literários que se referem a temas ou assuntos contidos em outros textos, etc.). Podem ser explícitas (citações entre aspas, com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (paráfrases, paródias, etc.);
  2. a que se associa ao caráter formal, que pode ou não estar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que "imitam" a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório, etc. Ou que procuram imitar o estilo de um autor (cf. texto "Grande ser, tão veredas", de Paulo Leminski, publicado em A Folha de São Paulo, e reproduzido em Koch & Travaglia: 1989, p.89-90), em que o autor comenta o seriado da TV Globo, baseado no livro de Guimarães Rosa, procurando manter a linguagem e o estilo do escritor;
  3. a que remete a tipos textuais (ou "fatores tipológicos"), ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas e superestruturas ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias ligadas a estilos de época. Por superestrutura entendem-se, entre outras, estruturas argumentativas - premissas - argumentos (contra-argumentos) - (síntese) - conclusão (nova tese); estruturas narrativas (situação - complicação - ação ou avaliação - resolução (moral ou estado final) etc.; (cf. Fávero, L. Coesão e coerência textuais. São Paulo, Ática, 1991. Vocabulário crítico, p.92 e Koch & Travaglia, 1989 p.92-93);

Como afirmam Koch & Travaglia, "todas as questões ligadas à intertextualidade influenciam tanto o processo de produção como o de compreensão de textos e apresentam consequências no trabalho pedagógico com o texto [...]"(1989, p.95).

Considerada por alguns autores como uma das condições para existência de um texto, a intertextualidade se destaca por relacionar "um texto concreto com a memória textual coletiva, a memória de um grupo ou de um indivíduo específico" (Mira Mateus et alii, 1983).

A noção de intertextualidade, da presença contínua de outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a respeito da individualidade e da coletividade em termos de criação. Neste sentido, Fiorin e Savioli (1996) afirmam:

"Todo texto é produto de criação coletiva: a voz do seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou desacordo."

Vimos anteriormente que citação de outros textos se faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que objetivo?

Um texto remete a outro para defender as ideias nele contidas ou para contextar tais ideias. Assim, para se definir diante de determinado assunto, o autor do texto leva em consideração as ideias de outros "autores" e com eles dialoga no seu texto.

Ainda ressaltando a importância da intertextualidade, remetemos às considerações de Vigner (1988, p.31-37): "Afirma-se aqui a importância do fenômeno da intertextualidade como fator essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de todos os outros textos. O texto não é mais considerado só nas suas relações com um referente extra-textual, mas primeiro na relação estabelecida com outros textos".


Exemplos de Intertextualidade

Vejamos alguns exemplos de Intertextualidade:

1) Slogans:
A rede de quitandas "hortifruti", com slogans lançados pela empresa, numa estratégia bastante criativa e jocosa para chamar a atenção do público-alvo. Essa intertextualidade se dá através da Fonética ou seja, do som produzido quando da pronúcia. Para exemplificar melhor, não teria o mesmo som dizendo "A outra maçã" com "A outra face".
Os mesmos foram retirados do site da empresa de propaganda "MPPublicidade".
Fonte: saiba mais!


"A incrível rúcula"(por "Incrível Hulk")
"Kiwi Bill"(por "Kill Bill")
"A outra alface"(por "A outra face")
"E o coentro levou"(por "E o vento levou")
"Beringela indiscreta"(por "Janela Indiscreta")
"O quiabo veste Prada"(por "O diabo veste Prada")
"O limão impossível"(por "Missão impossível")
"A hortaliça rebelde"(por "A noviça rebelde")
"9 1/2 cebolas de amor"(por "9 1/2 semanas de amor")


2) Veja a seguir como Ricardo Azevedo brinca com o famoso poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade:

Quadrilha da sujeira
Quadrilha
João joga um palitinho de
sorvete na
rua de Tereza que joga uma
latinha de
refrigerante na rua de
Raimundo que
joga um saquinho plástico na
rua de
Joaquim que joga uma
garrafinha
velha na rua de Lili.
Lili joga um pedacinho de
isopor na
rua de João que joga uma
embalagenzinha
de não sei o quê na rua de
Tereza que
joga um lencinho de papel na
rua de
Raimundo que joga uma
tampinha de
refrigerante na rua de
Joaquim que joga
um papelzinho de bala na rua
de J. Pinto
Fernanders que ainda nem
tinha
entrado na história.
(Ricardo Azevedo)
João amava Tereza que
amava Raimundo
que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili que
não amava ninguém.
João foi para os Estados
Unidos, Tereza para o
convento, Raimundo morreu
de desastre, Maria ficou para
tia, Joaquim suicidou-se e Lili
casou-se com J. Pinto
Fernandes que não tinha
entrado na história.
(Carlos Drummond de Andrade)

Enquanto o texto de Drummond inspirado pela dança da Quadrilha das Festas Juninas, onde os casais trocam de pares a cada passo, o texto de Ricardo Azevedo critica o mau hábito de jogar lixo na rua e mostra como as pessoas prejudicam as outras. Esse é mais um formato de Intertextualidade pela troca sucessiva de pessoas dentro dos dois textos.
Fonte: saiba mais!


3) A intertextualidade também é um recurso utilizado pelas crônicas de jornal. Veja como José Roberto Toreiro utiliza uma frase famosa dita por um personagem de Shakespeare. A frase quer dizer, em poucas palavras, que há muita coisa na vida que não compreendemos.

Deuses do futebol: Urucubaco
Shakespeare
Olímpico leitor, divinal
leitora, há mais coisas entre
o céu dos deuses e a terra
do futebol do que sonha a
nossa vã crônica esportiva:
Determinadas situações do
jogo e certas fases pelas
quais os times passam não
são, como pensam alguns,
obra do acaso. Ao contrário,
são uma manifestação da
vontade de seres superiores,
seres que controlam a nossa
vida desde o dia em que o
Caos gerou a Noite.
(trecho de crônica de José Roberto Torero)
"Há mais coisas entre o
céu e a terra do que supõe
a nossa vã filosofia".
Fonte: saiba mais!

Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualidade.


4) A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa.


Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.


Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.

A Mona Lisa de bigodes, de Marcel (1887-1968), faz parte de uma retrospectiva sobre o dadaísmo, que aconteceu de 05/10/2005 a 09/01/2006, no centro Pampidou, em Paris. Nascido em 1916 em Zurique, durante a 1ª Guerra Mundial, o movimento dadaísta negava todas as tradições sociais e artísticas, tinha como base o anarquismo niilista e o slogan "a destruição também é criação". Duchamp fazia assim chamadas "interferências". Pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional.




Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.

Botero se define como o oposto dos outros artistas. "Não sou cubista, impressionista, surrealista ou expressionista. Sou o que sou". Para chegar à técnica que alguns denominam como "gordismo", teve que estudar os grandes mestres da pintura, o que lhe permitiu ter elementos para criar a sua própria essência e impor esse selo de originalidade que lhe deu glória.



Mona Lisa, Intertextualidade na propaganda.

Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci).
Fonte: saiba mais!

Atividades sobre Intertextualidade

Exercício 01:
Chico Buarque de Holanda, um dos mais importantes compositores brasileiros, utiliza a intertextualidade em uma canção sua. Em "Bom Conselho", ele inverte os provérbios, questionando-os e olhando-os sob outro ângulo, atribuindo-lhes novos sentidos. Quais são esses provérbios populares? (responda no seu caderno)

Bom Conselho
(Chico Buarque, 1972)

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade.


Exercício 02:
Vamos buscar trechos da Bossa 9 e Garota de Ipanema, que podemos chamar de intertextualidade.
Lembre-se: Esse exercício de buscar num texto fontes de outro texto chama-se Intertextualidade. Observe o nome do rap de Gabriel, O Pensador - lembra o quê? Veja também o refrão do rap Bossa 9, lembra qual música? (Anote no seu caderno).


Exercício 03:
Veja o vídeo do rap "Festa da Música Tupiniquim" de Gabriel, O Pensador e após destaque todas as intertextualidades presentes. (Responda no seu caderno).



Há muito tempo tá rolando essa festa maneira
Da música popular brasileira ninguém me convidou mas eu queria entrar
Peguei o 175 e vim direto pra cá pra
Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Na portaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil
Ele apenas sorriu
Acompanhado por Caetano, Djavan, Pepeu, Elba, Moraes, Alceu Valência
(Xá comigo! Dá licença! Abre essa porta, cabra da peste)
E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste

Baby tá na área, senti firmeza! E aí Sandra de Sá!
-"Bye bye tristeza..."
Birinight à vontade a noite inteira
Olha o Ed Motta assaltando a geladeira
Olha quanta gata bonita e gostosa! Olha o Tiririca com uma negra cheirosa

Ué! Cadê os críticos?! Ninguém convidou? "Barrados no Baile uouou"
Não é festa do cabide mas o Ney tirou a roupa
Bzzz... Paulinho Moska pousou na minha sopa
Cidade Negra apresentou um reggae nota cem
Tá rolando um Skank também! E o Tim Maia até agora nem pintou
Mas o Jorge Benjor trouxe a banda que chegou "Pra animar a festa"

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

A festa tá correndo bem
O Lobão até agora não falou mal de ninguém
O Barão e o Titãs tão tocando Raulzito
A Rita Lee tá vindo ali...ãnh? Não acredito! Ela olhou pra mim e disse "baila comigo"
Eu senti aquele frio no umbigo
Mas é claro que adorei o convite e fui dançar ouvindo o som do
Kid Abelha, Paralamas e a Blitz

(Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais...) "Segura o tchan, amarra o tchan"
(Xô, Satanás!) Há há! Lulu Santos acabou de chegar com a pimenta malagueta pro planeta balançar
O Chico César, Science, e o Buarque observam um pessoal dançando break no chão
E no andar lá de cima um do donos da festa. Tá na boa, tá em paz, tá tocando um violão:
"Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita"

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Chopp na tulipa, vinho na taça (camisinha na boquinha da garrafa)... Salve-se quem puder!
Ih... o João Gordo vomitou no meu pé
Fui limpar e dei de cara com os Raimundos que me contaram que entraram pelos fundos

Perguntei pelo banheiro e fiz papel de Mané os sacanas me mandaram pro banheiro de mulher
As meninas tavam lá e foi só eu entrar que a Cássia Eller, Zizi Possi e a Gal comçaram a gritar (Ahhhhh!)
Quanta saúde! Fernanda Abreu, Daniela Mercury, Marisa Monte,
Daúde... calma, eu não vi nada! A Ângela Rô
Rô queria me dar porrada

Mas os três malandros, Moreira, Bezerra e Dicró, me ajudaram a escapar da pior
Fui pro fundo de quintal, casa de bamba todo mundo bebe todo mundo samba
Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho Neguinho da
Beija-Flor...Diz aí Martinho!
Comé que é, professor?
-"É devagar, é devagar, devagarinho"

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Essa festa é uma loucura
Olha lá o Carlinhos Brown com o pessoal do Sepultura vieram com os índios Xavantes
E a polícia veio atrás tentando dar flagrante E-e-e-ê! O índio tem apito e eu não entendi por quê
Começaram a apitar quando a polícia chegou mas a galera do
Cachimbo da Paz nem escutou
Porque o Olodum tava fazendo um batuque maneiro

Até chegarem milhares de funkeiros
Eram tantas duplas que eu até me confundi
Chamei Leandro & Leonardo de MC! E o Zezé de Camargo & Luciano ficaram me zuando
E o funk rolando! Aah... vocês tinham que ver! Chitãozinho & Xororó gritando Uh! Tererê!

O pessoal da Jovem Guarda agitando sem parar
Estavam em outra festa mas vieram pra cá
Passei ali por perto e ouvi o Roberto comentar: "Ê hei! Que onda, que festa de arromba!"

Todo mundo no maior astral mas rolou um boato que preocupou o pessoal
Diziam as más línguas, à boca pequena, que o Michael Jackson tava chegando pra roubar a cena
E foi aí que a Marina ouviu uma buzina e todos foram pra janela na maior adrenalina
Uma brasília amarela dobrava a esquina,
Adivinha quem era?
Mamonas Assassinas

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Pare, relaxe e reflita!







Na música Monte Castelo a intertextualidade foi aplicada de forma muito rica. Renato Russo apropria-se de dois famosos textos sobre o "amor" e constrói, a partir deles, a sua mensagem para uma geração que, talvez, induzida pela cultura rebelde dos anos 80, não estivesse muito a par de dois escritores tão "distantes" desse novo mundo do século XX e sua mensagem de sexo, drogas e rock 'n roll.


I Carta de Paulo aos Coríntios

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que eu entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará... Agora, pois, permaneçam a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.
Fonte: PAULO Apóstolo. Carta à Igreja de Corinto. IN: Bíblia Sagrada. Capítulo 13.


Amor é fogo que arde sem se ver
(Luis Vaz de Camões)


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente; é
nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Fonte: CAMÕES, Luis Vaz de. Poesia Lírica. Amor é fogo que arde sem se ver. Ulisséia. 1988, 2ª ed.


Monte Castelo
(Renato Russo)




Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desanima sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É um não- querer mais que bem- querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir quem vence o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem,
Todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte.
Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
Fonte: saiba mais!


O poema de Camões data do século XVI e compõe a vasta produção do período do Classicismo. Ele viveu experiências que formaram o seu mundo "dramático". Assim, sua expressão foi de acordo com a realidade que era trágica. O poeta produziu esse soneto numa época que ainda sofria-se interferência cultural da Idade Média, pois "a literatura ainda era vista como um importante instrumento de formação moral dos homens nobres: tinha, portanto, caráter moralizante e aristocrático". (Ulisses Infante)

Em Camões, o amor sempre é propositadamente contraditório. O tratamento dado ao soneto é visivelmente ligado ao sentimento humano entre um homem e uma mulher, o amor romântico, seja ele correspondido ou não. O amor Eros está sempre ligado à falta, ao sofrimento, uma vez que um amante nunca está saciado do outro. Assim, a mensagem enfatiza que, embora haja sofrimento no amor, ele sempre é, contraditoriamente, acompanhado pela amizade e toda sensação causada por ele, aprazível ou não, é nobre e enobrece o ser que ama.

Já na carta do apóstolo Paulo à igreja de Corinto, registrada na Bíblia, o contexto é bem diferente. Corinto era uma das maiores cidades do mundo romano e uma das mais corruptas, logo a Igreja estava cheia de sérios problemas. Paulo foi forçado pela oposição judaica a focalizar o seu ministério para os gentios, e coube a ele a tarefa de escrever a longa carta aos Coríntios, numa tentativa de tratar o problema.

Nesse contexto, intitulou a carta "O amor é um dom supremo", está no capítulo 13 de I Coríntios, onde fala de um amor em que há total ausência de interesse próprio. "O amor busca o bem do próximo, e a sua verdadeira medida é o quanto ele dá para que se alcance tal fim. Mais do que simples emoção, o amor é um princípio de ação. É uma questão de fazer algo pelos outros por compaixão a eles, sem levar em conta se sentimos ou não afeição por eles". (Bíblia Sagrada)

Paulo fala aos Coríntios de um amor que eles não conheciam, o amor ágape, aquele que se sacrifica pelo bem do outro. É um amor prático, abnegado, que não espera nada em troca.

Pode-se perceber, antes da análise dos textos, algo em comum nos contextos descritos: a necessidade de se ensinar sobre a grandeza do amor para um público que aparentemente, a teme, desconhece ou não lhe concede a importância devida. No soneto, o poeta fala sobre a dor que o amor humano causa, mas, ao mesmo tempo, em como essa dor é preazerosa a ponto de o amante querer estar preso por vontade, portanto não há o que temer diante dele. A carta é enviada pelo apóstolo no intuito de ensinar alguns preceitos cristãos para os coríntios, tão necessitados de orientação em meio a tantos erros, tristezas e depravação, e não há nenhum ensinamento maior do que o amor. Dessa forma, a música promove o encontro dessas duas lições sobre o amor de caráter ativo e nobre, mesmo na dor, diante de uma juventude carente de ideais, valores humanos maiores e mais individualista, se comparada a gerações passadas.

O conceito do amor como um sentimento que causa dor ao mesmo tempo em que enobrece o ser amante, pois leva a ações que buscam o bem do outro.

Exercício 4:
4.1 - Após a escuta da música e a leitura dos outros textos, identifique na letra da música "Monte Castelo" de Renato Russo, a presença de intertextualidade:

4.2 - Vocês ouviram e leram atentamente os textos.
- São Paulo e Camões estão tratando do mesmo tema?
- Por que e como Renato Russo entremeou os dois textos?
- Os dois textos colados passam a ter uma outra mensagem?
- De que tipo de amor fala Renato Russo?
- Que elementos, dos dois textos colados, estariam gerando um terceiro?
Expressem-se livremente.

4.3 - Releiam os textos e discutam em grupos, sobre os 'tipos de amor' sugeridos e as relações comunitárias e pessoais que revelam, tema comum desde o início da era cristã até os dias de hoje. Poderão fazer uma resenha oral das conclusões a que chegaram.

4.4 - Ainda em grupos: Pensem juntos sobre tudo o que os poetas falaram e escolham como tarefa entre:
a) selecionar fragmentos de textos que gerem um novo texto;
b) selecionar, parodiar ou musicar poemas (a poesia tem sua origem ligada à música);
c) fazer raps sobre textos dos próprios alunos ou de outros autores. Todas as produções devem traduzir a experiência da aula sobre cidadania, amor ao próximo e responsabilidade social.

(Não esqueça, tudo deve ser anotado no seu caderno).

Obs: - Toda produção deve ser apresentada em algum evento da escola.


Biografias

Falamos de Intertextualidade. Convido você para juntos conhecermos Gabriel, O Pensador e Vinícius de Moraes. Para isso buscaremos a biografia de cada um deles.


Gabriel, O Pensador:

Gabriel, O Pensador, nome artístico de Gabriel Contino, nasceu em berço de ouro no Rio de Janeiro, 04 de março de 1974. Aos 12 anos mudou-se com sua mãe (jornalista Belisa Ribeiro) para São Conrado-RJ. Com o lance da praia e do surfe, fez grandes amizades na Rocinha (favela do Rio de Janeiro). O melhor amigo de Gabriel era negro, com isso ele sentiu na pele o preconceito. Chegando a ser barrado no shopping, ele e o amigo negro, pelos seguranças. Isso gerou uma preocupação social que refletiu nas letras de suas músicas. Um dos maiores nomes do rap e pop brasileiro, Gabriel diferenciou-se de boa parte de seus pares (e chegou a ser criticado por eles), por ser um garoto branco de classe-média. Mas desde o começo fez das letras uma crítica social e moral, como acontece na música rap. Ele aprareceu no fim de 1992, quando ainda era estudante de Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)". O personagem da letra era Fernando Collor de Mello, que tinha acabado de renunciar ao cargo frente a um processo de impeachment (e de quem Belisa, sua mãe, tinha sido assessora). É casado com a atriz e cantora Ana Lima e tem dois filhos, Tom (em homenagem a Tom Jobim) e Davi. E não acaba aqui a história de Gabriel.
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Pesquise o restante e conte pra nós; por escrito no seu caderno.


Vinícius de Moraes:

Nasceu no Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas vocações. Ainda no colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Haroldo Tapajós, e juntos tocavam em festinhas. Nos anos 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músicas que foram gravadas, nove delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância".

Amigo de Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década. Passou algum tempo estudando inglês na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil em 1941, foi crítico cinematográfico do jornal "A Manhã".

Dois anos depois foi aprovado para o Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou nos Estados Unidos, França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escrevendo a peça "Orfeu da Conceição", que mais tarde virou filme "Orfeu do Carnaval", dirigido pelo francês Marcel Camus. Sua carreira como músico é impulsionada a partir das décadas de 50 e 60, quando conhece alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Baden Powell. Em 1958 Elizeth Cardoso lança "Canção do Amor Demais", com diversas parcerias Tom/Vinícius: "Luciana", "Estrada Branca", "Chega de Saudade".

O primeiro grande show em que se apresenta, na boate Au Bon Gourmet em 1962, ao lado de Tom Jobim e João Gilberto, o liga permanentemente ao mundo da música popular e aos palcos. Seu elo com a bossa nova é muito importante.
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Então amigos - interessante a vida de Vinícius e de Gabriel, mas não para por aí. É preciso que você continue a pesquisa. (No seu caderno - não esqueça).


Origem do Rap e da Bossa Nova

A expressão Rap provém da língua inglesa, com o sentido de Rhythm And Poetry - traduzindo, Ritmo e Poesia. Este estilo é assim denominado porque mescla um ritmo intenso com rimas poéticas, integrando o cenário cultural conhecido como Hip Hop. Nascido na Jamaica, ele se transformou em produto comercializável entre os norte-americanos.

O rap desenvolveu-se entre as classes pobres dos EUA, particularmente entre os afro-americanos e os hispânicos, que ansiavam por uma sonoridade que traduzisse seu cotidiano e sua cultura, no início dos anos 70. Na Jamaica, em meados de 60, o rap ganhou impulso com o aparecimento de equipamentos sonoros que eram dispostos ao ar livre nos guetos deste país, dando vida às festas produzidas nas ruas jamaicanas.

Posteriormente os bailes passaram a ter como cenários amplos locais até então usados como depósitos. Estas festas, mais aprimoradas, contavam não só com a presença de um DJ, mas também com a intervenção de um MC ou Mestre de Cerimônias, igualmente denominado "toaster", o qual incitava as pessoas com palavras de ordem rimadas, traduzindo geralmente questões de ordem sócio-política, especialmente temas controvertidos.

Nos primeiros anos da década de 70, uma séria crise social e econômica atingiu a Jamaica, provocando a ida de vários jamaicanos, principalmente os mais jovens, para os EUA. Na bagagem eles traziam esta nova sonoridade, os equipamentos de som e a canção falada. Um deles, o DJ Kool Herc, foi responsável pela inserção em Nova Iorque destes elementos essenciais do rap.

Imediatamente este ritmo, que versava sobre os obstáculos enfrentados pelos miseráveis dos guetos das grandes metrópoles, contagiou a população sofrida dos dubúrbios norte-americanos. As músicas, repletas de gírias dos grupos juvenis formados nestes bairros pobres, unidas às danças urbanas de rua, com suas coreografias velores e acrobacias corporais, passaram a constituir rapidamente o cenário do hip hop norte-americano.

O rap chegou no Brasil em 1980 e rapidamente arrastou uma imensidão de pessoas que se interessaram pelo gênero. Os rappers, como são chamados, se encontravam nos centros da cidade, no início da Rua 24 de Maio. Como o movimento teve um crescimento vertiginoso e com proibição de exibição nas ruas, mudaram para a estação São Bento do metrô, que acabou sendo considerada, com o passar do tempo, o templo do Rap.

As letras do rap traduzem uma ideologia de autoavaliação da juventude negra dos bairros periféricos dos grandes centros urbanos, que denunciam a violência, a exclusão social, o racismo.

Com a adesão da juventude negra ao rap, a indústria fonográfica cresceu com extrema rapidez. O grande número de movimentos de hip hop em São Paulo e no Brasil nos últimos anos resultou numa descentralização de propostas e de temáticas de suas músicas.

Em sua essência, o movimento hip hop não surgiu da mídia. Foi num primeiro momento uma manifestação espontânea de grupos excluídos da sociedade na periferia das grandes cidades e, num segundo, as suas reivindicações políticas, culturais, presentes em suas músicas começam a se inserir nos grandes espaços da mídia, do mundo do disco, do cinema, do teatro, de série televisivas através de um intenso diálogo entre culturas.

O primeiro disco de rap lançado no Brasil, foi em 1987, chamado de "A Ousadia do Rap" que fez pouco sucesso. No ano seguinte foi lançada a coletânea "Hip Hop cultura de rua" cuja vendagem atingiu 25.000 cópias. E, assim, o rap conquistou a juventude, em sua maioria negra, dos bairros periféricos da cidade de São Paulo e de outras cidades do país.
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O que é Bossa? Por que Bossa Nova?
Onde, quando e como tudo começou?

A palavra "bossa" era um termo da gíria carioca que no fim dos anos cinquenta, significava "jeito", "maneira", "modo". Quando alguém fazia algo de modo diferente, original, de maneira fácil e simples, dizia-se que esse alguém tinha "bossa". Exemplo: Se o Ricardo desenhava bem, dizia-se que tinha "bossa de arquiteto". Se o Paulo escrevia, redigia bem, tinha "bossa de jornalista". E a expressão "Bossa Nova", surgiu em oposição a tudo o que um grupo de jovens achava superado, velho, arcaico, antigo. Sim, mas o quê era julgado superado e velho na música popular brasileira? "Tudo", dizia a mocidade bronzeada de Copacabana.

A tristeza e melancolia das letras, a repetição dos ritmos "abolerados" e dos "sambas-canção"; era tudo a mesma coisa, não obstante os grandes cantores da época: Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Carlos Galhardo. Lindas valsas e serestas? Sim, e daí? Daí é que algo tinha de ser feito.

Diferentes harmonias, poesias mais simples, novos ritmos. Batida como do relógio, do pulso, do coração. E Bossa Nova é batida diferente no violão, letras diferentes. A Bossa Nova não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente de tudo, mais intimista, mais refinada, mais alegre, otimista. Diferente. Não começou especificamente num lugar, numa rua, num evento, num festival. A rigor, ela não é nem um gênero musical. É o tratamento que se dá a uma música, em termos de 'batida' e de ritmo.

Iniciou-se em 01 de março de 1958, quando João Gilberto cantou, com a batida de violão diferente, "Chega de Saudade". Depois já no Rio, encontra-se com Menescal e Bôscoli, Nara Leão, Carlos Lyra, e assim numa grande parceria e encontros rotineiros, foram crescendo dentro do novo ritmo. E continuou crescendo o número de adeptos desse novo ritmo.

Dentre os encontros de pessoas importantes para o movimento, o de Tom Jobim e Vinícius de Moraes foi histórico, eles diziam que embora Copacabana era a vitrine da Bossa Nova, mas Ipanema foi o berço, o coração, ou seja, o início de tudo.

Afirma-se ainda que a mudança radical da poesia na MPB começou com Vinícius de Moraes. A mulher traidora, vulgar, vilã e vagabunda cedeu lugar à garota bonita cheia de graça, à mulher amada e linda. A mulher rejuvenesceu. E a dupla Tom e Vinícius universalizou a Bossa Nova.
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Resumindo Rap e Bossa Nova:

A Bossa Nova era a música feita pela e para a classe média. O Rap pode ser considerado o estilo feito pelo e para o povo da periferia. Em vez de usarem o violão, dentro de um amplo apartamento, para cantar sobre o amor, sorriso e flor, os jovens pobres samplearam as batidas cruas nos seus barracos e casas humildes para denunciar a falta de oportunidade, a violência e outras mazelas que acompanham os menos abastados.

Em São Paulo, 1980 o rock era a música da moda dos mauricinhos. Os jovens da perifieria, porém, renegaram esses rebeldes sem causa e, por meio do hip hop vindo dos Estados Unidos, mostraram sua fúria. Finalmente a população pobre tinha sua voz e o impacto atingiu todo o Brasil.

Tanto o Rap quanto a Bossa Nova, foram revolucionários para a história da música no país. No entanto, por mais que esteticamente a Bossa Nova seja "superior", além de uma criação nacional (apesar da influência jazzística), o Rio de Janeiro do barquinho, da garota de Ipanema e do samba de avião ficaram para trás.

Amplie a sua pesquisa sobre as origens do Rap e Bossa Nova em seu caderno!


Período Histórico

1958 - Bossa Nova:
Na década de 50, o Rio ainda disputava com São Paulo o título de maior cidade do Brasil, era a capital federal e um local de grande efervescência cultural. O país vivia um período de certa forma tranquilo, de otimismo. Juscelino Kubitschek era o presidente, eleito pelo povo e ainda não havia lugar para as canções engajadas, que surgiriam poucos anos depois, no período da ditadura militar.

João Goulart assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril. Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais.

O parlamentarismo foi derrubado em janeiro de 1963: em plebiscito nacional 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Enquanto durou, o parlamentarismo teve três primeiros-ministros, entre eles, Tancredo Neves, que recunciou para candidatar-se ao governo de Minas Gerais.

Conquistas trabalhistas - em 1961 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Pacto de Unidade e Ação, de caráter intersindical, convocaram uma greve reivindicando melhoria das condições de trabalho e a formação de um ministério nacionalista e democrático. Foi esse movimento que conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizaram no mesmo ano, o 1º Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso exigiu reforma agrária e CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais.

O anúncio de reformas aumentou a oposição ao governo e acentuou a polarização da sociedade brasileira. Jango perdeu rapidamente suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, reforçou as alianças com as correntes reformistas.

A crise se precipitou no dia 13 de março, em razão da realização de um grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Perante 300 mil pessoas Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriou, para a reforma agrária, propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. Lembrando que a economia encontrava-se extremamente desordenada.

Em 19 de março foi realizada, em São Paulo, a maior mobilização contra o governo: a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", organizada por grupos da direita, influenciados por setores conservadores da Igreja Católica. A reunião de 400 mil pessoas, forneceu o apoio político para derrubar o Presidente. No dia 31 de março iniciou-se o movimento para o golpe. No mesmo dia, tropas mineiras comandadas pelo general Mourão Filho marcharam para o Rio de Janeiro e para Brasília.
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(Essa história real não acabou. Continue esta pesquisa no seu caderno!)


1980 - Rap:
Em 1979, iniciou-se o governo do General Figueiredo, tendo como ministro da Fazenda Karlos Rischbiter, como ministro da Agricultura Delfim Netto e como ministro do Planejamento Mario Henrique Simonsen. Este defendia um rigoroso ajuste fiscal, corte nos gastos e nos investimentos que não tinham prioridade, visando a melhoria das contas em transações correntes e o controle do processo de individamente externo.

Por outro lado, figurava a oposição composta por Delfim, do Planejamento e por Andreazza, do Interior. Traçou-se uma disputa política relacionada aos rumos da economia brasileira, assim Delfim Netto acabou substituindo Simonsen no Ministério do Planejamento. Delfim queria o milagre econômico, mesmo sabendo que a situação externa estava desfavorável. Com o segundo choque do petróleo e a alta dos juros externos, ele não teve outra saída a não ser mudar a condução da política econômica.

Este período ficou conhecido como a "década perdida", caracterizada pela queda nos investimentos e no crescimento do PIB, pelo aumento do déficit público, pelo crescimento da dívida externa e interna e pela ascensão inflacionária.

Devido ao agravamento da crise econômica e ao aumento das pressões sobre o governo militar, acabou tornando inviável a continuação desse tipo de governo, e assim em 1985, iniciou uma nova forma de governar o país, um governo civil em que o presidente seria eleito de forma indireta atravé do Congresso Nacional. Embora seja um tema relativamente constante do noticiário econômico brasileiro dos últimos 40 anos, foi na década de 1980 que a inflação brasileira intensificou-se como nunca ocorreu antes. A alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, e continuaram a crescer ano a ano. Em 1986, o governo tentou conter a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano. Após mais três planos econômicas de contenção, a década encerrou-se com o Brasil às portas da hiperinflação, com a marca de 1764% ao ano em 1989, chegando ao máximo de 6584% para o período dos últimos 12 meses, em abril de 1990.

A crise nacional se acentua e o Brasil perde o controle do seu rumo devido a utilização de uma política equivocada. Como a economia mundial estava em recessão e com as devidas crises do petróleo, as taxas de juros estavam muito oscilantes e o único modo que o Brasil conseguiu financiar o planejamento foi adotando taxas de juros não fixas, deste modo, a dívida ficava muito vulnerável com a alta dos juros internacionais.

Diante de tantos problemas, a década de 80 poderia ser mais valorizada nos dias de hoje e não uma década para ser esquecida e vista como a "década perdida".
Fonte01: LOPES, F. O desafio da hiperinflação. Rio de Janeiro:Ed.Campus, 1989.
Fonte02: saiba mais!
Fonte03: LOURENÇO, Gilmar Mendes. Economia Brasileira da Construção da Indústria à Inserção na Globalização. Curitiba: Ed. do autor, 2005.

(Temos muito o que saber. Continue esta pesquisa no seu caderno!)



Galeria de Fotos

Olá pessoal!
Decidi mostrar-lhes as fotos de alguns dos ilustres personagens que fizeram parte do movimento Bossa Nova e do Rap.

Bossa Nova


João Gilberto - "Chega de Saudade"
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Carlos Lyra
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Roberto Menescal
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Nara Leão
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Farnésio Dutra (Dick Farney)
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Tom Jobim
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Vinícius de Morais
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Pery Ribeiro
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Rap


Mano Brown
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Racionais MC´s
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Gabriel O Pensador
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Planet Hemp
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Nega Gizza
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Marcelo D2
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BNegão
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Negra Li
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MV Bill
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